O amor me fere é debaixo do braço, de um vão entre as costelas. Atinge meu coração é por esta via inclinada. Eu ponho o amor no pilão com cinza e grão de roxo e soco. Macero ele, faço dele cataplasma e ponho sobre a ferida.
O livro Bagagem, foi a primeira publicação de Adélia Prado, de 1976, por indicação de Carlos Drummond de Andrade. Os poemas mostram sua profunda religiosidade e o amor pelas coisas simples da natureza. Livro sublime nos aspectos poéticos de vida. É mostrada em seus poemas a simplicidade e contornos da vida de forma muito biográfica, mas atingindo com muita universalidade. Parte destaque deste livro é quando Adélia Prado faz emocionar em alguns versos a qual fala da perda dos pais.
Não me importa a palavra, esta corriqueira. Quero é o esplêndido caos de onde emerge a sintaxe, os sítios escuros onde nasce o “de”, o “aliás”, o “o”, o “porém” e o “que”, esta incompreensível muleta que me apóia. Quem entender a linguagem entende Deus cujo Filho é Verbo. Morre quem entender. A palavra é disfarce de uma coisa mais grave, surda-muda, foi inventada para ser calada. Em momentos de graça, infrequentíssimos, se poderá apanhá-la: um peixe vivo com a mão. Puro susto e terror.