segunda-feira, 31 de outubro de 2016
Carcereiros (Drauzio Varella)
CARCEREIROS é um daqueles livros que mudam sua forma de pensar. É contado em episódios vivenciados por amigos de Drauzio Varella, os quais constituem uma narrativa impossível de parar de ler. Possui momentos tensos e reflexivos, em quais a linguagem formal e cuidada do autor diverge com a linguagem comum (e muitas vezes palavrões) dos presos e dos carcereiros.
É um livro maravilhoso, proporciona uma visão mais ampla e aproximada da realidade do sistema carcerário brasileiro. Todos que querem expandir seus horizontes e melhorar seus argumentos sobre o assunto deveriam ler o livro.
O olhar do Dr. Drauzio nos aproxima dos seus personagens. Apesar de serem funcionários concursados e sem ficha criminal, sobre os carcereiros recai quase o mesmo estigma que carregam os prisioneiros: de serem pessoas más, violentas, e a margem da sociedade.
Outro mérito interessante do livro é trazer à tona uma discussão mais ampla sobre os problemas das prisões. Sem ter ele mesmo respostas para um problema tão amplo, Dr. Drauzio aponta a impossibilidade das prisões, pelo menos no seu formato atual. Ele fala do contraste da luta pelos direitos humanos em guerras e situações excepcionais, e o total descaso com o preso, que é torturado o tempo todo .
Uma cadeia obedece a leis e códigos de conduta próprios, e um tênue equilíbrio de forças mantém a ordem entre os dois lados das grades. De um lado, os presos, frequentemente apinhados em condições subumanas, esquecidos pelo poder público. De outro, os agentes responsáveis por vigiá-los.”
No decorrer da leitura algumas imagens formadas pelo leitor proporcionam uma breve sensação de nervosismo, medo, estigmatização, etc... e uma revelação interessante da origem do interesse de Drauzio pelo dia a dia de pessoas que persistem no crime e de pessoas nas quais são depositadas enormes responsabilidades, com o objetivo de diminuir a violência na sociedade a qual pertencemos.
O ponto positivo do livro é que, apesar de contar situações extremas, como quando a Polícia invadiu o Carandiru, há também histórias sobre os carcereiros, que, por vezes, são engraçadas, como a de Sombra, cuja esposa o mandou embora de casa sem ele ter realmente a traído. Nessa história, Varella surge como um prosador cômico, já que é possível gargalhar das mesmas enquanto se lê.
Como sempre, Drauzio consegue humanizar suas obras como poucos contadores de histórias. Além do aspecto literário, a obra vale a pena por mostrar um cotidiano que sempre foi invisível aos olhos da sociedade, mas palpável àqueles que vivem a rotina. Além disso, nos faz rever alguns conceitos sobre a humanização dos presidiários; nos mostra as mazelas do governo no sistema carcerário e a falta de apoio civil e estatal para essa tarefa tão banalizada que é ser carcereiro.
Cicero Durães
31/10/2016
quarta-feira, 26 de outubro de 2016
RENOVÁVEL
Ré e Remar
Ressurgir, Ressurreição
Recomeçar, Repetir, Recriar
Refazer, Renascer, Reaver, Reater
Renovador, Regador, Repetido,
Rebelião, Revolução, Redenção
Redescobrir, Reinteirar,
Reinventar, Relutar, Renovação
Regra, Realçar,
Renovável
Cicero Durães
08/02/2007
08/02/2007
NA ESQUINA de CASA
Tem gente que não te conhece
Mas eu preciso de você
Te busco num só pensamento
Que me faz te esquecer.
Nos encontramos naquela esquina
E ainda somos aqueles sonhos
Entendiados com o lamaçal
Esquecemos tudo o que somos.
A gente se encontra por aí
Mesmo que eu não entenda o fim
Desanda nessas esquinas da vida
Coisas melhores ainda vão vim.
Cicero Durães
03/04/2007
FINCANDO a VELA
Hoje navega
Sem tempo integral
Olha os mais hediondos
Sorridente tempestivo.
Fixa o horizonte
Fitando o que é belo
Adjacente mergulho sombrio
Asas atrofiadas por temer.
Veja os sóis
Venha a nós
Não tenha dó ou piedade
Homem só e ferido.
Quem nunca perdeu uma batalha
Não sabe dar valor na vitória
Vive perdido numa metade
Alimenta do passado restante.
Ainda assim indagações do oceano
Sempre me mostram a necessidade
De pessoas que precisam urgentemente
Navegar o mais rápido possível.
Cicero Durães
20/11/2003
REFRÃO de BOLERO
Eu que falei: "nem pensar..."
Agora me arrependo, roendo as unhas
Frágeis testemunhas
De um crime sem perdão.
Mas eu falei sem pensar
Coração na mão, como refrão de bolero
Eu fui sincero
Como não se pode ser.
Um erro assim tão vulgar
Nos persegue a noite inteira
E, quando acaba a bebedeira,
Ele consegue nos achar.
Num bar
Com um vinho barato
Um cigarro no cinzero,
E uma cara embriagada no espelho do banheiro.
Ana
Teus lábios são labirintos, Ana
Que atraem os meus instintos mais sacanas
Teu olhar sempre distante sempre me engana
Eu entro sempre na tua dança de cigana
Teus lábios são labirintos
Que atraem os meus amigos mais sacanas
Teu olhar sempre distante sempre me engana
É o fim do mundo todo dia da semana.
(Humberto Gessinger)
terça-feira, 25 de outubro de 2016
REQUIEM PARA UM SONHO (2001)
REQUIEM PARA UM SONHO não é um filme fácil. As técnicas empregadas pelo diretor tornam este exemplo visualmente genial. O número de cortes em um filme normal, por exemplo, varia entre 600 e 700 no total, enquanto nesse são pelo menos 2000 cortes. Isso serve para dar uma noção da agilidade gráfica, além do uso de closes angulares, divisão de cenas, diversas situações unidas por uma trilha sonora espetacular e outras facetas que somente um diretor entusiasmado poderia montar.
A primeira cena de já mostra o que será o filme. Harry em crise de abstinência briga com sua mãe Sara, querendo que ela lhe dê uma jóia guardada. Sara se tranca no quarto e Harry leva a televisão da mãe para ser vendida. Toda a sequência é de tirar o fôlego, a agressividade do rapaz, o desespero da mãe.
As interpretações são ótimas, a começar por Ellen Burstyn que está incrível como Sara. À medida em que a história de Sara vai se complicando, a atriz vai nos surpreendendo com uma transformação impressionante. E olha que a vida dela já não começa fácil.
Quanto à trilha, edição e direção de arte, o filme é, redundantemente, fenomenal. A música que permeia os 102 minutos do filme é de uma sensibilidade impar. Transpassa sentimentos e sensações que, sem a execução da mesma, dificilmente seria captado com tanta poeticidade. Nervosa em dado momento e sublime em outros, ela deixa de ser apenas um ‘efeito estilístico’ para se tornar um personagem que faz diferença dentro do longa.
A história é sobre quatro viciados, que no início do filme estão cheios de sonhos e com boas perspectivas de realizá-los, afinal são jovens (três deles), cheios de idéias e energia. Porém, com o vício, acabam ferrando tudo. Harry (Jared Leto), Tyrone (Marlon Wayans), Marion (Jennifer Connelly) formam um grupinho de amigos que se envolvem cegamente nas drogas. Enquanto isso, Sara (a ótima atriz Ellen Burstyn) é viciada em televisão e, quando recebe uma "possível" proposta de participar de um programa de auditório, resolve emagrecer com pílulas de anfetamina, que acabam perdendo o efeito com o tempo, e ela, viciada, começa a exagerar na dose para tentar recuperar a eficiência das pílulas.
REQUIEM PARA UM SONHO é pesado, cruel e realista, onde a diversão não existe e o que realmente existe é uma viagem alucinante e muito perturbadora ao mundo das drogas. De forma jamais vista nas Telas, Darren Aronofsky aborda um tema repetitivo mas de maneira diferenciada, ao imprimir muita profundidade em ousar na exploração dos conteúdos inseridos. É delirante.
NOTA: 9
PRÓS: edição, roteiro e a atuação de Ellen Burstyn)
CONTRAS: O meio do filme dá uma parada que poderia ser melhor enxugada.
Cicero Durães
25/10/2016
25/10/2016
Não Se Desespere (Mario Sergio Cortella)
Este excelente livro aborda temas do cotidiano dos seres humanos, oferecendo a seus leitores a oportunidade de ter momentos de divagação, paz interior, de afastamento das preocupações do dia a dia, de reflexões, de perceber o que sente e se conhecer. São provocações filosóficas que convidam a buscar conhecimento interior. É um livro de filosofia que proporciona a oportunidade de cada um conhecer-se a si mesmo.
Temas como religião, ética, política, educação, sonho, motivação, cooperação e diversos outros são abordados de uma forma a auxiliar a busca do bem-estar, a colaborar com a conquista daquele sentimento de tranquilidade.
Cada capítulo aborda um tema e apesar de serem curtos, são completos, ricos em informação e, um a um, merecem uma reflexão. A leitura deste livro é muito prazerosa com informações filosóficas desde os filósofos gregos até os filósofos da atualidade, inclusive esse honrado escritor que nos oferece uma cultura geral e uma nova visão do mundo e da vida.
Cicero Durães
27/10/2013
sábado, 1 de outubro de 2016
VIVÊNCIA VENDADA
Na revolta dos meios
Ressoa minha voz ignorada
O movimento maior foi preciso
Protestei contra tudo que foi dito.
Barreiras impactaram mais forças
Nas reações imediatas da massa
Impediram meu direito de ir e vir
Só disseram que eu não passo daqui.
A massa mobiliza minha fala
A nação alardeou nos cartazes
A vivência vendada do povo
O grito de independência de novo ! ! !
CICERO[N.C.S]
05/11/2013
SOMBRAS da VIDA
Agora que chegou nossa finitude
Resolvemos então buscar uma cura
Desse vício intenso de sobreviver
Não teve sorte e esqueceu a jura.
Memórias implantadas de paz
Memórias implantadas de paz
Que não fazem a minha direção
Cavando um abismo no olhar
Procurando formas de alienação.
Mesmo em torno dessas sombras
Mesmo em torno dessas sombras
Abrigado numa casa desconhecida
Vou atirar para todos os lados
Vou atirar para todos os lados
Procurando por vida ! ! !
CICERO [N.C.S]
09/10/2002
AMARELO XADREZ
Levantando blocos de esquecimento
Marquei cacos de vidro na estrada
A chuva carregava ao menos destroços
Nas medidas que o solo estreitava.
Alicerces do ceú sem profundidade
Amarelo do chão ficava na berlinda
Doações de memórias retroativas
Meus pés não se cansaram ainda.
Nas horas escolhidas na derrocada
Tijolo quebrado na construção
Alguns perdas podem ser derrotas
Mas outras foram só instrução.
CICERO[N.C.S]
16/09/2007
Cecília Meireles
Liberdade é uma palavra que
o sonho humano alimenta,
não há ninguém que explique
e ninguém que não entenda.
(Cecília Meireles)
O MEIO e o FIM
Acabou! Acabou! Hoje é o dia D!
Foi isso que você leu no jornal hoje cedo?
Tudo bem quando tudo acaba bem
Mas se não acabar bem, qual é o fim que se tem?
O medo do fim é o meio e o fim
O medo, o fim e um breve recomeço
Até que o sol não brilhe, acenda uma vela na escuridão
Levante a mão, se o fim é bom, também são os meios
É o fim! É o final que você quer saber?
Me conte o seu passado, e saberei seu futuro
De que vale o ouro se ele não compra a alma?
A moral é imoral se não há o bem para o outro
Tem medo do fim?
Tem medo do fim porque o seu fim justificou seu meio
O abrigo enfim, é o início do sim
O início do sim é onde Deus se encontra.
Até que o sol não brilhe, acenda uma vela na escuridão.
O medo do fim é o meio e o fim
O medo, o fim e um breve recomeço
O abrigo enfim, é o início do sim
O início do sim, é um breve recomeço.
Até que o sol não brilhe, acenda uma vela na escuridão
Levante a mão, se o fim é bom, também são os meios
Também sãos os meios
A memória contará a história
A memória contará a história de quem teve decência na história
Deixe sua mensagem após o final...
(Guilherme de Sá)
TRON: uma odisséia eletrônica (1982)
TRON: Uma Odisséia Eletrônica é um filme que vale conhecer. Lançado em 1982, representou uma grande novidade para o público da época por dois motivos. Se revelou o primeiro filme a usar em grande escala efeitos computadorizados, resultando em estética que é praticamente 100% digitalizada.
A história do filme é ambientada nos anos 80 mesmo, centrada no personagem de Kevin Flynn (Jeff Bridges), um gênio da informática que é hacker e jogador assíduo de jogos computadorizados. Recém-demitido da gigantesca empresa de tecnólogia por um homem que roubou a criação do seu jogo. Flynn tenta hackear a rede da empresa, dominada por um programa, sem sucesso. Em uma destas tentativas, Flynn sofre uma desintegração molecular e é enviado para dentro da rede de um software, surgindo como um programa em meio a tantos outros que ele mesmo criou.
Seu excelente visual ganhou destaque pelo pioneirismo das técnicas utilizadas, em 1982, numa época onde efeitos feitos em computação eram algo bem simplório, ele mistura live action, animação e animação por rotoscopia. Não se deixe enganar pelos efeitos toscos. afinal, assistir MATRIX hoje em dia não tem a mesma graça de quando foi lançado em 1999.
Visto hoje, o filme tem muito daquela visão ingênua que as pessoas tinham dos computadores até há poucos anos, uma máquina praticamente inacessível para a maioria da população, que pensava e tinha vontade própria. Tudo é muito surreal se pensarmos assim comparado com a nossa época atual.
Para criar as sequencias de computação gráfica de Tron, a Disney chamou quatro grandes empresas de animação computadorizada da época: Information International, da California, MAGI da Elmsford, Nova York, Robert Abel and Associates of California e efeitos digitais da New York City. O trabalho não foi uma colaboração, resultando em estilos diferentes de cada empresa.
Infelizmente TRON perde muita em sua trama arrastada demais, e personagens rasos em suas motivações e sofre de alguns dialógos bem fracos e as motivações dos outros personagens não convencem muito. Talvez por ser um tempo menos complicado e com situações fora de próposito.
Tron mudou o jeito de se fazer filmes de ficção cientifica, e como disse John Lasseter, diretor de criações da Pixar: ''Não existiria TOY STORY sem TRON''. Com o tempo, Tron se tornou um filme cult, e eventualmente, ganhou videogames, historias em quadrinhos e animações.
NOTA: 4
PRÓS: Conceito visual
CONTRAS: Ritmo lento
CICERO[N.C.S]
1/10/2016
Tequila Vermelha (Rick Riordan)
Imagina um filme Quentin tarantino ? Assim posso definir este excelente livro de Rich Riordan. Escritor que ficou mais famoso por aqueles livros de fantasia mitológica. Que particularmente não gosto dessa saga do Piercy Jackson por ser CREPÚSCULO demais para o meu gosto.
Rick consegue criar uma trama com suspense e muita confusão, com aquele “quê” de aventura que já conhecemos bem demais, mas com uma abordagem menos infanto-juvenil. O personagem principal é também o narrador e cativa a leitura do início ao fim. O romance, ou deveria dizer os romances, são abordados entrelaçados à trama principal, e de forma mais adulta e madura que os pequenos romances de outras séries do autor.
Jackson Tres Navarre volta para sua cidade após um década. Determinado a descobrir os motivos que levaram à morte do seu pai, ele acaba se envolvendo com gente perigosa e correndo risco de perder a vida várias vezes. Após o desaparecimento de uma antiga namorada, a coisa começa a ficar feia. Será que ele conseguirá descobrir o que aconteceu com ela e será que seu desaparecimento tem alguma relação com a morte do pai dele?
Tequila Vermelha é um livro cuja leitura flui bem, com capítulos pequenos que não cansam. Eu não sou um verdadeiro fã do gênero policial, gosto e leio. E esse livro foi gostoso de ler, deu para imaginar muito bem o clima do Texas. Era, como num comentário na capa, quase possível sentir o calor do lugar.
Como eu disse, acho que muita gente deixa de aproveitar a leitura desse livro por causa da série dos olimpianos. Não vão com muita sede, não esperem demais porque não vão encontrar o Percy e nem a narrativa descontraída, jovem, adolescente, da série no livro. (Ainda bem!!!)
CICERO[N.C.S]
01/10/2016
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