terça-feira, 25 de outubro de 2016

REQUIEM PARA UM SONHO (2001)


REQUIEM PARA UM SONHO não é um filme fácil. As técnicas empregadas pelo diretor tornam este exemplo visualmente genial. O número de cortes em um filme normal, por exemplo, varia entre 600 e 700 no total, enquanto nesse são pelo menos 2000 cortes. Isso serve para dar uma noção da agilidade gráfica, além do uso de closes angulares, divisão de cenas, diversas situações unidas por uma trilha sonora espetacular e outras facetas que somente um diretor entusiasmado poderia montar.

A primeira cena de já mostra o que será o filme. Harry em crise de abstinência briga com sua mãe Sara, querendo que ela lhe dê uma jóia guardada. Sara se tranca no quarto e Harry leva a televisão da mãe para ser vendida. Toda a sequência é de tirar o fôlego, a agressividade do rapaz, o desespero da mãe. 

As interpretações são ótimas, a começar por Ellen Burstyn que está incrível como Sara. À medida em que a história de Sara vai se complicando, a atriz vai nos surpreendendo com uma transformação impressionante. E olha que a vida dela já não começa fácil.

Quanto à trilha, edição e direção de arte, o filme é, redundantemente, fenomenal. A música que permeia os 102 minutos do filme é de uma sensibilidade impar. Transpassa sentimentos e sensações que, sem a execução da mesma, dificilmente seria captado com tanta poeticidade. Nervosa em dado momento e sublime em outros, ela deixa de ser apenas um ‘efeito estilístico’ para se tornar um personagem que faz diferença dentro do longa.


A história é sobre quatro viciados, que no início do filme estão cheios de sonhos e com boas perspectivas de realizá-los, afinal são jovens (três deles), cheios de idéias e energia. Porém, com o vício, acabam ferrando tudo. Harry (Jared Leto), Tyrone (Marlon Wayans), Marion (Jennifer Connelly) formam um grupinho de amigos que se envolvem cegamente nas drogas. Enquanto isso, Sara (a ótima atriz Ellen Burstyn) é viciada em televisão e, quando recebe uma "possível" proposta de participar de um programa de auditório, resolve emagrecer com pílulas de anfetamina, que acabam perdendo o efeito com o tempo, e ela, viciada, começa a exagerar na dose para tentar recuperar a eficiência das pílulas.

REQUIEM PARA UM SONHO é pesado, cruel e realista, onde a diversão não existe e o que realmente existe é uma viagem alucinante e muito perturbadora ao mundo das drogas. De forma jamais vista nas Telas, Darren Aronofsky aborda um tema repetitivo mas de maneira diferenciada, ao imprimir muita profundidade em ousar na exploração dos conteúdos inseridos. 
É delirante.


NOTA: 9

PRÓS: edição, roteiro e a atuação de Ellen Burstyn)

CONTRAS: O meio do filme dá uma parada que poderia ser melhor enxugada.



Cicero Durães
25/10/2016

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