terça-feira, 20 de setembro de 2016

127 HORAS (2010)


Em maio de 2003, o aventureiro Aron Ralston (James Franco) fazia mais uma escalada nas montanhas de Utah, Estados Unidos, quando acabou ficando com seu braço preso em uma fenda. Sua luta pela sobrevivência durante mais de cinco dias (durou 127 horas) foi marcada por memórias e momentos de muita tensão, relatados em um livro. Baseado em fatos reais.

Para o bem e para o mal, o cinema do diretor Danny Boyle (“Trainspotting”, “Extermínio”) é contraposto em imagens e apoiado na edição. Suas histórias dependem de como as cenas são justapostas e parte do vigor narrativo de seus filmes é proveniente de uma montagem acelerada e dinâmica.  Alguns veem nisso a grande qualidade do diretor, na medida que seus trabalhos são ágeis e envolventes.

No entanto, nada disso teria funcionado se o protagonista não fosse bem interpretado. Toda essa técnica primorosa teria se perdido no filme se James Franco não tivesse cumprido devidamente o seu trabalho; e ele o cumpre dignamente. James encarna o personagem com paixão. Ele conquista o público com o seu humor, sua raiva, sua coragem e sua angústia. Não vemos em tela James Franco, aquele ator de Homem-Aranha, mas a experiência física e psicológica de Aron Ralston expressa pela sua ótima atuação.

Entre flashblacks que apresentam um pouco do personagem e tentativas fracassadas do alpinista se livrar do enrascada em que se meteu, assistimos a um ator mostrar todo o talento em um papel que lhe demanda tanto física quanto psicologicamente. Cheio de carisma, James Franco conquista o espectador a cada alucinação, delírio, devaneio ou demonstração de medo e raiva e evita que “127 HORAS” seja apenas mais um filme de superação, aqui em um registro mais alucinado e sensorial.

Por sorte, James Franco se sai muito bem na difícil tarefa de carregar o filme sozinho, evitando que o espectador “se canse” do personagem com seu carisma. Realçando o desespero pontual de Aron através de decisões pouco racionais, como por exemplo, raspar a rocha com um canivete. O ator expõe com clareza os conflitantes sentimentos de Aron, o sofrimento causado pela fome, pelo frio e pela sede e, especialmente, seu esforço para evitar perder o controle diante da complicada situação em que se meteu.

Em 89 minutos de filme depois, vem o grande clímax que é resolvido em 4 minutos, na correria, sem que nenhum conflito do personagem seja resolvido também. (Na realidade durou 4 minutos) Tudo bem, sei que se trata de uma estória baseada em fatos reais,  mas era algo que poderia ter sido bem melhor explorado.

127 HORAS é um bom filme, tem uma direção segura, um James Franco inspirado e esforçado, aproveitando o excelente momento, mas vale ressaltar que, quem tem estômago fraco ou sofre de claustrofobia, e não pode nem ouvir falar das autópsias da série CSI, pode se incomodar. É um drama que equilibra entre o bem e o real e o imaginário cinematográfico que, se não dura, ao menos alivia o mal estar do espectador diante de um relato claustrofóbico e cruel.


NOTA: 9


PRÓS: Edição dinâmica e trilha sonora

CONTRAS: Fechamento do filme muito rápido para oconflito final


CICERO[N.C.S]
20/09/2016

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