sexta-feira, 20 de maio de 2016

A MORTE - O Sol do Terrível


Mas eu enfrentarei o Sol divino,

o Olhar sagrado em que a Pantera arde. 
Saberei porque a teia do Destino 
não houve quem cortasse ou desatasse.

Não serei orgulhoso nem covarde,
que o sangue se rebela ao toque e ao Sino. 
Verei feita em topázio a luz da Tarde, 
pedra do Sono e cetro do Assassino.

Ela virá, Mulher, afiando as asas,
com os dentes de cristal, feitos de brasas,
e há de sagrar-me a vista o Gavião.

Mas sei, também, que só assim verei 
a coroa da Chama e Deus, meu Rei, 
assentado em seu trono do Sertão.


(Ariano Suassuna)

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