Meu livro favorito de Augusto Cury.
O romance tem abordagem psicológica e emocional, procura dar lições de vida e critica a sociedade contemporânea (um hospício global). No início da narrativa um homem ameaça se jogar do alto de um edifício, em São Pablo. Seu nome é Júlio César Lambert. Ele é um professor universitário.
Um sujeito maltrapilho consegue aproximar-se do suicida e realiza um gesto incomum, oferece um sanduíche (isso encanta os leitores). Logo Júlio e o desconhecido passam a dialogar.
A história de Júlio pode ser parecida com milhares de histórias, (fato que comove o leitor). Júlio já traiu a esposa, contraiu dívidas e seu filho, João Marcos, envolveu-se com drogas.
O homem maltrapilho, que para alguns é um sábio e para outros, um louco, modifica a vida das pessoas. Faz lembrar aquela frase do famoso lingüista Alfred Korzibsky (1879-1950), popularizada pela Neuroglinguística: "mapa não é território". O maltrapilho fala como um mestre e muda os mapas mentais. Mas quem é o vendedor de sonhos? Para dar mistério à obra, o narrador não revela quem é o personagem.
Ao sair do prédio O vendedor começa a dançar, forma-se uma roda, Júlio é puxado para dançar é sente-se invadido pela sensação de profunda alegria.
O Mestre convida um bêbado, Bartolomeu, um falso Milagreiro, Edson, e outros personagens a compor um grupo. Ele fala frases belas e de impacto: "O Ser morre quando deixa de se sentir importante", "Não posso mudar o que fui, mas posso construir o que serei.", "Toda mulher é bela. A beleza não pode ser padronizada."
E o Mestre vira ídolo. Até que é revelado o passado do mestre. Mas, os ensinamentos são superiores ao homem que os proclama. Ou não são?
O vendedor de sonhos vende o velho sonho de ser livre – de eliminar padrões, fraquezas. Assuntos já tratados com excelência pelo filosofo e louco Nietzsche em "Assim falou Zaratustra". Mas Nietzsche é radical. Ele acreditava que uma pessoa livre é sempre incompreendida, condenada à solidão. A solidão do super-homem.
O mestre da obra de Nietzsche fala no vazio. Alguns o escutam, mas ninguém o entende. O peso da solidão e da responsabilidade da própria vida assusta.
Cury, ao contrário, faz um personagem que é aceito e seguido por alguns e odiado por outros. Com seus discursos ele consegue seguidores. O vendedor de sonhos é um ser gregário. E sejamos honestos, esse personagem encanta, pois mantém o leitor dentro na zona de conforto.
O livro de Cury tem seu valor, pois critica à sociedade globalizada e desumanizada, esquecida de valores como compaixão, carinho e compreensão. A construção da narrativa é de obra de auto-ajuda, sem linguagem literária, fato que irrita aos amantes da literatura, mas que faz vibrar os amantes de livros de auto-ajuda. Lembremos que a obra já foi publicada em 50 países.
E o velho ditado permanece: É impossível agradar a todos.
CICERO[N.C.S]
20/05/2015
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