Então vamos:
um mistério de cada vez.
Perplexidade ante perplexidade.
Calma.
Devagarinho.
Como quem abre o estojo do mundo
com um aramezinho.
Chegamos a
uma revelação
sobre nosso último destino
- talvez a tempo de desativar
o pino.
E seja ela Deus
ou um conglomerado
já me vejo lá,
apalermado,
mudo
diante da explicação de Tudo.
Mas antes da Epifania,
perguntas mais dia a dia...
Dúvidas banais
angústias sociais.
Nada sobre o infinito
ou o sorriso da Madonna
mas o que fazer com o caroço
da azeitona.
Teoria quântica, a alma
humana - esquece.
Pra onde vai o dinheiro
do INPS?
Minha busca pelo sentido da existência
parte de um pedido seminal
que os céus não atendem
e muito menos manual.
Ainda chegamos ao coração da
matéria
e aos confins de nós mesmos
mas, para começar:
como é que se faz para aquele maldito
relógio digital do videocassete
parar de piscar?
(Luis Fernando Verissimo)
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