quinta-feira, 20 de agosto de 2015

CASA


Às vezes eu acho que eu vivo 

em uma grande cabeça gigante
em um morro feito de papel machê, 
uma grande cabeça gigante da minha própria cabeça. 

Vou polir os olhos que seriam janelas, ou cortar a grama, 
eu quero dizer que isso é a minha casa 
que estamos falando mesmo que seja uma cabeça grande 
de papel machê gigante que se parece comigo. 

E as pessoas que vem passando em carros ou ônibus 
ou que viram a casa a cabeça na colina de trens acham que a casa é minha. 
Eu vou estar dormindo lá para polir os olhos, ou capinar o gramado, 
mas ninguém vai me ver, ninguém olharia. 

E ninguém jamais iria. E se eu acenei,
ninguém sequer sabe que eu eu acenei. 
Todos estariam procurando no lugar errado, na cabeça na colina.
Eu posso ver sua casa daqui.


(Neil Gaiman)

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