sábado, 12 de setembro de 2015

CANÇÃO do PRISIONEIRO


Mesmo preso em minha cela,

reconheço os passos dela.
Não costumo me enganar.
Ela vem bem devagar,
quase parando, e talvez
qualquer dia pare mesmo,
dê uma volta, e era uma vez.
Ela finge andar a esmo
e de quatro em quatro passos
arrasta no chão o salto
de um dos seus sapatos altos.
Já está perto. Abro meus braços.
O carcereiro abre a cela
vizinha. Não era ela.


(Antônio Cícero)

0 comentários: