Mesmo preso em minha cela,
reconheço os passos dela.
Não costumo me enganar.
Ela vem bem devagar,
quase parando, e talvez
qualquer dia pare mesmo,
dê uma volta, e era uma vez.
Ela finge andar a esmo
e de quatro em quatro passos
arrasta no chão o salto
de um dos seus sapatos altos.
Já está perto. Abro meus braços.
O carcereiro abre a cela
vizinha. Não era ela.
(Antônio Cícero)
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