Este "Em alguma parte alguma" é seu mais recente livro de poemas publicado (o livro saiu um par de meses depois do comunicado de que ele vencera o prêmio Camões neste ano, o ano de seus oitenta anos, coisa boa). A edição é muito bem cuidada. O livro inclui uma bibliografia completa de sua obra e dois textos assinados por especialistas em Gullar: Alfredo Bosi e Antonio Carlos Secchin.
Os poemas são variados, na forma e na extensão. Há temas recorrentes: a gênese mesma da poesia, a desordem, os sentidos, a natureza, gatos, ossos, memória, a rua duvivier, a podridão e os ossos, a pedra.
Ferreira Gullar não declama, não enfeita. Ele simplesmente relata. Isto mesmo, eu diria que é um relato poético do que vê, sente, lembra, deseja, pensa, ri, chora e se impressiona. Enfim, é tudo de bom. O estilo é genial e rebelde. Não está nem aí para o pudor ou para o que os "outros" pensem sobre ele. Foi esta a impressão que fiquei.
Ferreira Gullar afirma que o seu poema nasce do “espanto”, quando inesperadamente depara-se com um aspecto inesperado do real e, a partir daí, vão se sucedendo os poemas, até que a motivação se esgote. Isso explica a recorrência de determinados temas, que, tempos depois, voltam a ganhar atualidade.
CICERO[N.C.S]
19/09/2015
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