Western brasileiro...
Era impossível achar quem, após ouvir a célebre canção Faroeste Caboclo, que não a imaginasse no cinema. Demorou muito, aliás mais do que devia, mas chegou. E o melhor: Chegou para arrasar!
A música Faroeste Caboclo, de autoria do líder da banda Legião Urbana, Renato Russo, tinha uma letra com uma duração extensa de 9 minutos e contava a trajetória de João de Santo Cristo, saído da pobreza para Brasília, se tornava um grande traficante, se apaixonava por Maria Lúcia e terminava sua história num duelo acirrado com Jeremias, traficante rival que acabava com sua vida.
A vinda de uma adaptação cinematográfica era sonhada por muitos: a história tinha potencial e trazia consigo uma jornada de um homem pela oportunidade, mas que é acompanhado pela violência desde criança. Aliás, a trama começa assim (Quem conhece a música, sabe que isso não é spoiler), onde João (Fabrício Boliveira) leva o derradeiro tiro de Jeremias (Felipe Abib), ao grito de Maria Lúcia (Ísis Valverde). A partir daí acompanhamos a vida dele e alguns flashbacks nos lembram quem era ele quando criança, os acontecimentos que o marcaram e os obstáculos por qual passou.
Os que irão assistir ao filme esperando encontrar um possível clipe em formato de longa metragem podem se decepcionar, visto que o diretor René Sampaio, juntamente com os roteiristas fizeram algumas adaptações e modificações para a linguagem cinematográfica, visando encaixar melhor as peças que compõem a enredo e fazendo com que a história nesse formato faça mais sentido.
É indiscutível que o mérito de 'Faroeste Caboclo' foi não ter se mantido tão fiel a obra original, mas ainda assim respeitá-la e bebê-la de sua fonte o que fatalmente agradará aos fãs menos e mais fieis. Ter escolhido bem o elenco e os cenários também foi uma bola dentro. E também ter nos mostrado uma Brasília preconceituosa e com vários muros invisíveis através de uma alegórica estória de western, mostrou uma sensibilidade e inteligência.
Faroeste Caboclo revela-se um filme realista e empolgante. Realista por tratar de um problema político-social, com a epopeia de um jovem negro pobre sem rumo, que apesar de ser contextualizado nos anos 80, no Planalto Central, funciona indubitavelmente nos dias de hoje. E empolgante, ainda mais para os fãs do Legião Urbana, já que abre com os acordes da música e a sensação nostálgica quase que inevitável para quem viveu os anos 80 e 90. Vale muito a pena!
NOTA: 9
CICERO[N.C.S]
11/10/2015
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