Iniciando a projeção com a iminente e conhecida destruição do planeta Krypton. O ótimo prólogo mostra o fim do planeta natal de Kal-El (Henry Cavill), com batalhas futuristas dignas de "Avatar" de James Cameron. Em meio ao caos, Jor-El (Russell Crowe) luta para salvar o legado de sua raça. A expectativa de consertar os erros do passado é transferida a seu filho. Sem perder tempo a trama logo apresenta um Clark Kent adulto e com alguma consciência dos seus poderes. É então através de flashbacks, são mostrados alguns momentos específicos da sua juventude. E é interessante notar o texto é econômico nesse sentido, contando apenas alguns atos heroicos de Clark que, de alguma maneira, terão importância no decorrer da história.
É um retorno épico e glorioso, que mantém o espírito de aventura presente nas histórias do personagem ao longo de seus quase oitenta anos de existência. Inevitável comparar com os filmes anteriores, sobretudo, os dois primeiros, de 1978 e 1980, respectivamente, que pelas mãos de Richard Donner definiram em muitos aspectos os filmes baseados em personagens de histórias em quadrinhos, principalmente, as de super-heróis.
Portanto o filme, se se propusesse só a entreter teria se saído bem, mas teve a pretensão de também conquistar através de um bom roteiro. Nesse sentido quebra alguns paradigmas do personagem e na sua história, e isso é bom. Os fãs podem reclamar da questão do sol de Krypton não ser vermelho, e de Perry White (Fishburne) ser negro e mais moderno, usando um singelo brinco na orelha.
Para compensar a hora perdida com o desnecessário didatismo, Snyder caprichou nas cenas de ação. Como Superman enfrentava um vilão igualmente poderoso (Zod), as brigas ganhavam proporções imensas, com prédios caindo, grandes explosões e coisas do tipo. Visualmente legal apesar de, mais uma vez, rasos de motivo. Apesar de manter um clima realista, característico da parceria Goyer/Nolan, O Homem de Aço ainda encontra espaço para explorar questões fantásticas e religiosas inerentes ao protagonista.
Além da referências ao cristianismo, desde a frase de Jor-El (pai biológico do herói), afirmando que “ele será um deus para eles”, passando pelo momento em que o herói busca conselhos em uma igreja, e culminando na idade de Clark (33 anos), que pode não ser clara a todos, mas ela é bem nítida, o homem de trinta e três anos, vindo de um lugar que desconhece, cuidado por pais que não o conceberam, é especial e destinado a grandes feitos, a esperança de toda uma população.
Zack Snyder renova a jornada deste herói em diversas formas e tudo o que é acrescentado aqui, faz um bem enorme para o personagem. Do figurino mais sutil e realista, de um herói mais bem desenvolvido, conseguindo contar sua infância, seus conflitos, seus dilemas de forma rápida, mas profunda. A introdução feita em Krypton é sensacional, bem didática até, mas muito bem realizada, aliás, tem uma arte conceitual muito parecida com a de Alien, ficção científica clássica de Ridley Scott. Há muito de Christopher Nolan em cena também, sua seriedade e seu realismo estão presentes.
A trilha sonora composta por Hans Zimmer é boa, mas nada marcante como a trilha clássica de John Williams.
Apesar de essenciais a trama do filme achei que os flashbacks foram costurados de modo pouco orgânico dentro da narrativa, embora sejam essenciais à compreensão desta. Alguns cortes são secos demais, com destaque negativo para aquele que tira os personagens do interior de uma base militar e os leva para uma cena externa do nada. O longa é antes de tudo um drama de ficção-científica, sobre um alienígena que tenta encontrar seu lugar no universo.
Próximo do fim o Superman toma uma decisão que certamente irá despertar alguma polêmica e incomodará alguns fãs do personagem (eu mesmo me incomodei muito). Entretanto essa não é a primeira vez que ele realiza uma ação do tipo, seja no cinema, seja nos quadrinhos (em O Homem de Aço do Byrne ele faz algo similar), sem falar que ela está totalmente conectada ao arco dramático do personagem e marca o momento em que ele definitivamente abraça sua herança terrestre e detrimento da kryptoniana e rompe definitivamente com seu planeta natal. O final ainda traz a perspectiva de uma nova e interessante dinâmica de um um universo maior, como o logo das Empresas Wayne que aparece em um satélite e as muitas menções à Lexcorp que deixam evidente a presença de certo careca megalomaníaco em uma inevitável continuação.
NOTA: 9
PONTO POSITIVO:
- Visual, cenas de luta e trama
PONTO NEGATIVO:
- Assassinato que tira a essência do herói como bom escoteiro que sempre foi
CICERO[N.C.S]
10/10/2015
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